Já era tarde
da noite. O fim do expediente daquele escritório de advocacia já acabara à
muito tempo. Uma única luz estava acesa no décimo quinto andar do prédio. Era
Pedro que estava fazendo hora extra, pois estava com um caso grande nas mãos e
não podia deixar passar essa mina de ouro.
Ás
22:15 da noite, Pedro já estava quase acabando a petição para recorrer da
decisão que o juiz sentenciou seu cliente. Era um empresário com grande poder,
e não hesitaria em abrir as mãos para se ver livre daqueles abutres da justiça.
–
Ótimo, acabei. Agora é só torcer pro juiz apreciar a petição amanhã mesmo. – falou Pedro em voz alta.
Pedro
sentia-se cansado. Pegou o paletó que estava bem posto nas costas da sua
cadeira, o pôs no ombro, levou nas mãos alguns papeis que estavam em sua mesa e
em seguida apagou as luzes e se retirou da sala.
–
Nossa! Não tinha notado que estava tão tarde. Devo ser a única alma viva aqui
nesse prédio. – disse o jovem olhando para o relógio.
Com pouca iluminação, ele notou ao longe
uma mulher. Ela estava parada de costas para o elevador olhando para uma das
janelas e apreciando a vista da noite.
Pedro que era mulherengo não perdeu tempo e já ensaiando a sua abordagem se
dirigiu a moça.
– O
que uma moça como você esta fazendo a essa hora nesse prédio?
– Me
desculpe, eu sei que é tarde. É que eu sou estagiaria e trabalho em um dos
escritórios do prédio. Só estou esperando meu noivo vir me buscar.
– E
ele não veio até essa hora? Isso é uma desonra, deixar uma moça tão bela
esperar sozinha nesse prédio que mais parece uma carceragem para os
estagiários. – disse Pedro olhando para mão direita da moça, e notando que nada
existe além de uma marca de anel.
– É
que nós discutimos noite passada, mas eu sei que ele está vindo me buscar,
disso eu sei. – disse a moça segurando as mãos na altura do peito e continuou
olhando para fora da janela.
–
Você não quer companhia? – perguntou o jovem apoiando a mão esquerda perto da janela
e bem próximo da moça.
–
Não obrigada. Já estou acostumada a ficar sozinha nesse prédio. Ninguém nunca me nota mesmo. – respondeu a
moça com um leve pesar em sua voz.
–
Mas eu insisto. Jamais me perdoaria se alguma coisa acontecesse a uma bela
jovem como você! – disse Pedro com um olhar e um tom malicioso.
–
Você tem certeza mesmo? – perguntou a jovem, mas dessa vez com um tom
surpreendentemente sério.
Pedro
estranha a repentina mudança na jovem, mas como ele não deixa escapar nem um
rabo de saia, prontamente respondeu:
–
Você tem a minha palavra. Se caso o seu noivo não vir eu te faço companhia. O
que acha?
–
Hum... A sua palavra? Eu aceito!
Nesse
momento pode-se ouvir uma das portas das salas se fechar com supetão. Pedro
vira-se na direção de onde veio o barulho, mas quando retorna para falar com a
jovem, não há ninguém além dele, tornando o silêncio a sua única companhia.
– Não
pode ser! Onde diabos ela se meteu? – perguntava-se Pedro alvoroçado e olhando de um
lado para o outro.
Infelizmente
nosso amigo perdeu mais uma de suas conquistas. Desanimado, ele pega suas coisas
e se dirige ao elevador.
Olhando fixo para a petição que lhe deu tanto trabalho e que futuramente lhe renderá um bom dinheiro para alimentar a sua ganância, ele segue caminhando e distraído continua lendo o seu trabalho, mas sem notar que a cabine do elevador ultrapassa o andar onde estava.
A porta se abre e o nosso amigo Pedro despenca quinze andares abaixo.
No dia seguinte, somente a noticia que um
jovem advogado que trabalhava no prédio comercial da Leal Moreira em Belém,
sofreu um acidente, despencando do
elevador que estava com a porta aberta, mas sem a cabine interna.Olhando fixo para a petição que lhe deu tanto trabalho e que futuramente lhe renderá um bom dinheiro para alimentar a sua ganância, ele segue caminhando e distraído continua lendo o seu trabalho, mas sem notar que a cabine do elevador ultrapassa o andar onde estava.
A porta se abre e o nosso amigo Pedro despenca quinze andares abaixo.
Com
o tempo as pessoas foram esquecendo a noticia, assim como também a de uma jovem
estagiaria de direito que à vinte anos foi abusada e morta no mesmo andar e no
mesmo prédio.
A
jovem encontrou enfim a companhia que tanto esperou. Alguém que ficasse com ela
enquanto seu tão esperado noivo a viesse buscar.
Alguns dizem que até hoje no décimo quinto
andar do prédio, pode-se ouvir bater de teclas, outros dizem que escutam aporta
do elevador se abrir quando chega ao décimo quinto andar, e se prestar bem
atenção, você poderá ver uma linda jovem olhando pela janela, sozinha em meio ao
escuro e silencioso prédio.
Se
não acreditas, visite o prédio as 22:30 e tire suas próprias conclusões
Fim
Fernando Calixto
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